Casa de Chá Affesc - feita de superadobe

A obra da nova recepção da Associação dos Funcionários Fiscais do Estado de Santa Catarina – AFFESC foi entregue em dezembro, em Canasvieiras, pela equipe da BaobáTec em parceria com a Margem Arquitetura.

Construída com o objetivo recepcionar sócios e visitantes, o espaço também irá receber escolas, universidades e comunidade em geral durante as iniciativas de educação ambiental promovidas pelo Centro de Educação Ambiental da Affesc. A associação é referência há mais de cinco anos em ações de desenvolvimento sustentável e cidadania de Florianópolis e região.

O projeto arquitetônico da Casa de Chá foi desenhado pela arquiteta Cecília Prompt e a execução realizada pelo bioconstrutor Raphael Autran e sua equipe.

A obra foi construída a partir do conceito da bioarquitetura, visando desde o reaproveitamento de materiais da construção civil, além de investir no conforto térmico, iluminação natural e formas orgânicas aplicadas em técnicas de menor impacto ambiental.

Conheça as técnicas utilizadas no projeto desta casa e o seus principais benefícios.

Fundação

A base ou alicerce da casa é do tipo sapata corrida de pedra de granito, um material bastante abundante localmente, devido ao tipo de formação rochosa da ilha.

Pedras são sempre uma excelente opção, pois possuem grande resistência, durabilidade e beleza natural; além disso, funcionam como isolamento hidráulico, isto é, isolam a construção da umidade proveniente do solo.

Paredes de terra ensacada (Superadobe)

técnica de terra ensacada

técnica de terra ensacada

A principal técnica utilizada para a estrutura da casa foi a terra ensacada conhecida como superadobe, que compõe parede estrutural autoportante, dispensando vigas e colunas de armação de ferro e concreto. São paredes maciças de barro com aproximadamente 40 cm de espessura, projetadas para suportar o seu próprio peso e também o peso do telhado vivo.

Para a arquiteta Cecília Prompt, trabalhar coma terra ensacada permite viabilizar a construção de formas orgânicas. “Esse tipo de arquitetura vem ganhando cada vez mais espaço no mercado da construção civil e além de beleza estética visa a questão da sustentabilidade”, afirma.

 

 

Imagem6O principal desafio desta técnica, segundo o bioconstrutor Raphael Autran, é a compactação dessa terra que precisa ser feita de maneira adequada de modo que os resultados das camadas realmente se tornem um bloco maciço e a parede fique firme. O diferencial deste tipo de construção é que é uma parede viva, ou seja, a casa respira trazendo uma série de benefícios para a saúde humana como a questão térmica e o isolamento acústico por ter uma parede grossa.

 “Essas paredes propiciam um excelente conforto térmico, de modo que no verão a casa se mantém fresca em seu interior, e no inverno um pouco mais quente do que do lado de fora; razão pela qual não há necessidade de uso de aparelhos de ar condicionado ou ventiladores, permitindo ainda uma economia energética e financeira no local”, ressalta Raphael.

Paredes do tipo ferro-solocimento e cordwood (barro com madeira) também foram utilizadas neste projeto para a construção das divisórias internas (banheiros).

 

 

Telhado Vivo

 

O telhado vivo foi construído com o objetivo de fornecer ainda mais conforto térmico e acústico ao ambiente interno, além de sua estética. Foi feito a partir de um assoalho de OSB (algomerado de pinus), disposto sobre uma base de madeira de eucalipto roliço tratado. Sua impermeabilização foi feita utilizando-se uma manta PEAD (polietileno de alta densidade), a mesma utilizada em aterros sanitários industriais. Por sobre a manta, foi colocada uma camada de terra (5cm) e posteriormente plantada grama do tipo esmeralda. Objetivando-se embelezar ainda mais a cobertura viva, pequenas ilhas de flores foram construídas, utilizando-se pneus usados como estrutura de apoio.

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Pisos e Revestimentos

 

O piso interno foi construído a partir da técnica do solocimento (15% de cimento e 85% de solo argiloso). Tijolos maciços foram utilizados como soleiras de portas e também como juntas de dilatação, evitando dessa forma fissuras ou rachaduras no piso.

No lugar da cerâmica, por sobre o piso, assim como em toda a área molhada da edificação (cozinha e banheiros), foram aplicadas 02 a 03 demãos de resina 100% vegetal à base de mamona, objetivando-se impermeabilizar as superfícies e também evitar o seu desgaste físico proveniente de limpeza ou atrito sobre o solo.

 

Esquadrias e bandeiras de vidros

 

whatsapp-image-2016-12-19-at-11-06-31As esquadrias (portas e janelas) foram em sua maior parte reaproveitadas, oriundas de fontes de demolição. As três principais aberturas (porta principal, banheiro social e varanda) foram pensadas de modo a facilitar a acessibilidade de portadores de deficiência física.

As bandeiras (quadros de madeiras com vidros) foram utilizadas em abundância nesta construção, objetivando-se o máximo possível de entrada de luz natural nos ambientes internos, funcionando também como prateleiras e estantes embutidas. Com isso, ampliou-se o pé direito (altura livre interna) da casa, o que ocasionou numa melhor circulação do ar (termo-ventilação) no local.

 

 

 

 

O projeto também contou com a implantação de um sistema ecoeficiente do esgoto e com a captação e armazenamento de água da chuva. A obra teve a duração de aproximadamente seis meses e o custo equivalente de uma obra convencional.

Projeto arquitetônico: Arq. e Urb. Cecília Prompt e Arq. e Urb. Flávio Trevisan

Construtor responsável: Raphael Autran e equipe (Baobá Tecnologias Ambientais)

Equipe de execução: Junior Caires, Diego Eggers, Vitor Cândido, Thailan de Castro e Raphael Autran

Colaboração: Felipe Miranda

 Fonte das informações: bioconstrutor responsável Raphael Autran